segunda-feira, 1 de junho de 2009

Jovem – Geração MSN

Nos últimos tempos a tecnologia tem influenciado fortemente em nosso estilo de vida, alterando nossos padrões de comportamento, mas não tem contribuído tanto para nos tornarmos mais humanos. Porém, se ela molda nosso comportamento, com certeza ela também molda nossa espiritualidade.
Acredito que esse ponto é extremamente essencial para a compreensão de nossa juventude. Os jovens são os maiores consumidores das novas tecnologias.
Eles sempre estão mais abertos para as constantes novidades e são sempre mais “bombardeados” com as milhares de informações que circulam na internet todos os dias. Os jovens das grandes cidades são indivíduos que estão constantemente “plugados”, viciados em tecnologia.
Também sabemos que estes mesmos jovens sentam nos bancos de nossas Igrejas e participam dos cultos. É esta geração que tem dado a cara do novo movimento evangélico em algumas denominações.
Porém, eles estão construindo uma nova espiritualidade a partir da realidade em que vivem, e precisamos discernir esses novos tempos. Alguns traços desta nova “geração digital” são bem perceptíveis:
1. A falta de tempo que é característica da pós-modernidade também é característica do jovem de hoje. Muito cedo eles estão correndo atrás do sucesso profissional e pessoal de forma que sempre lhes falta tempo. Essa falta de tempo acaba sendo desculpa para toda e qualquer ausência social, tipo: há não posso estar na igreja durante a semana, não posso também vir no sábado, domingo só de vez em quando.
Mas infelizmente tempo para a internet a maioria tem, e por quê? Porque o mundo virtual oferece algo que a vida real não pode dar sempre: Flexibilidade.
No mundo virtual você possui completo domínio do tempo, ao clique de um botão. Você supre a falta de tempo com conversas virtuais, estudo a distância, cultos on-line, aconselhamento em bate-papo, e etc...
2. Essa substituição gradativa da vida real pela virtual acaba nos tornando sempre mais individualista. E neste caso, não falo de individualismo no sentido de não se importar com o próximo, mas também na perspectiva de que o jovem acaba por se comportar de forma que a satisfação da vida está apenas nele mesmo e nos relacionamentos à distancia. Vivemos uma cultura do isolamento e da insensibilidade.
Não nos tocamos mais, os abraços são mais formais, não conversamos mais “olho no olho”. Reunir um grupo num único local é infinitamente mais difícil do que juntar um grupo numa sala de bate-papo.
3. Sendo assim, os relacionamentos são sempre mais superficiais. Mal conhecemos quem está do outro lado da tela, mas a sensação é que a conversa só flui se for através da janela do MSN. Acredito que sempre quando entramos na internet, é como se assumíssemos um avatar. Avatar é um personagem virtual, de jogos virtuais da internet, como o Second Life (Segunda Vida), onde criamos uma identidade para aquele personagem e nos comportamos de acordo com ela. Ou seja, realmente uma segunda vida. Porém, essa “dupla-personalidade” parece se ramificar para todas as áreas da vida do jovem.
Onde fica então a verdadeira amizade?
Quais laços profundos podemos criar com alguém que sempre suspeitamos estar mentido para nós? Como seremos verdadeiros se sempre precisamos construir um personagem que geralmente não corresponde com a vida real?
A solução não é destruir a internet, pois nela não habita o mal. A solução é repensarmos a forma como utilizamos todas as tecnologias que estão a nossa disposição e como não permitirmos que elas deformem nossa identidade cristã.
As mudanças causadas pela internet não podem atingir a essência da vida e da mensagem cristã.
Rev. CELSO CARDOSOPr. da Igreja do Evangelho Quadrangular-P.Bto-SP
http://www.quadrangularpereira.com.br/